segunda-feira, 28 de julho de 2008

A morte pediu carona outra vez... mas eu não dei!

Acordei assustado as 13 horas no domingo, o quarto ainda escuro, as janelas fechadas impedindo a passagem da luz solar. Dois grandes amigos ainda dormiam ao meu lado embalsamados em sono profundo. Meu coração me acordara, batia forte e rápido, mas não era a costumeira taquicardia de toda manhã, doía como não era comum.

Motivos não faltavam, eu sei. Uma noite como a madrugada de sábado justificava, claro, mas ainda assim algo não parecia normal... sem conseguir dormir novamente, levantei. Um banho quente, na tentativa de me acalmar me pareceu o mais lógico e então despi-me, liguei o chuveiro e por meia hora (ainda que não concorde com desperdício de água) fiquei sentado sob a água tentando pensar em qualquer coisa que não a dor.

Almoçamos, conversamos, andei. A dor mantinha-se tal como quando acordei. Sempre tenho medo dessas coisas, uma vez após um ataque de pressão alta ouvi de uma enfermeira: "sua pressão está 21x14, se vc demorasse pra chegar ao hospital poderia ter tido uma parada cardíaca e na sua idade dificilmente vc sairia vivo", e de repente os sintomas começaram a se repetir: a intensa dor nas costas, o formigamento em todo o braço esquerdo, o tremor da mão direita... "oh meu Deus" - pensei - "de novo não... não" e ele não estava lá pra segurar minhas mãos como da outra vez.

Renato e Diego... meus heróis nessa noite... levaram-me ao hospital e um médico percebendo meu estado colocou-me na frente de outros pacientes e a história tornara-se como há dois anos e meio: eletrocardiograma, risco de enfarto, remédio pra baixar a pressão, exames... mas a mão que segurara a minha outrora dessa vez não estava lá. E ele sabia o que estava acontecendo, ele sabia! Ontem concluí que a esperança não morreu e eu queria aquela mão. Eu queria aquela voz me dizendo que tudo estaria bem. Eu queria aquela expressão de "eu não sei o que fazer, mas do seu lado eu não saio". Eu queria a fé dele! Mas não tive...

Meu Deus, por que antes da esperança quem vai morrer sou eu?

Ali, com medo de não voltar pra casa, eu só queria ouvir "eu te amo" pra sossegar a dor, e se tivesse que ir, iria em paz... deixaria aqui a certeza do amor recíproco, a certeza de ter concluído meu caminho, pq se não for pra amar pq estamos aqui??

Remédios tomados, dormi por duas horas ainda no hospital. Acordei... estava vivo... com o mesmo coração problemático! Talvez tivesse sido melhor uma parada cardíaca, talvez um transplante, talvez receber um coração de outro alguém tirasse do meu peito esse sofrimento que não me deixa em paz.

Eram 3 da manhã quando cheguei em casa. Não pensava em nada além de ACABOU! Em um mês foram tantas decepções, tantas mentiras, tanta crueldade... mas nada me feriu mais que a ausência de ontem a noite. E é engraçado que temer a morte é o que nos faz viver... hoje, certo de estar vivo, acordei feliz... ao meu lado um grande amigo, lá fora um dia lindo, e aqui um coração ainda fraco, mas batendo, vivo e louco pra ter nele alguém que valha a pena... e ainda que a esperança não tenha morrido, ainda que em meus sonhos ele esteja, hoje eu acordei com vontade de lutar contra e não mais a favor, agora com tantos motivos pra odiar vou pelo menos esquecer... e não vou mais sofrer, afinal mais uma vez senti medo de não voltar vivo pra casa e quando passamos por isso percebemos como desperdiçamos a vida sofrendo por bobagem!




NOTA: não se preocupem, antes de orgulhar minha família sendo juiz, de fazer festa de casamento e de ir à Disney eu não vou morrer!!! depois disso passem a se preocupar!